domingo, 15 de março de 2015

Análise de texto dissertativo - prática para concurso público


Desafio proposto nem sempre é desafio aceito! Mas promessa é dívida paga! Aqui vão alguns comentários sobre o post "É o balde ou é o êxodo". 
Fizemos algumas perguntas sobre técnicas usadas para tornar este texto criativo, interessante, instigante, argumentativo e reflexivo. Dialogar com um texto é sempre uma das melhores formas de aprender a ser mais do que um bom leitor! É preciso entender o outro como forma de criar uma figura crível para si mesmo. Enfim, tudo na vida é, antes de tudo, uma representação. Sobretudo, a realidade. Ela só existe quando vivida dentro da sua perspectiva. Então ela se torna real para você. 
Algumas respostas básicas nos dão dicas de como "apalpar" um texto. Sugiro que você leia primeiro o texto, depois se aventure neste quebra-cabeça ao contrário. Quem tem, põe! Quem não tem, é hora de começar…

1) Que tipo de texto? 
Em primeiro lugar, jornalístico, é claro! Porém, traz as seguintes características: coloquial, dissertativo e opinativo, que começa devagar e vai subindo, subindo, subindo… até te derrubar lá do alto, de uma vez, como um balão que estourou. Lembra a célebre frase: "o gato subiu no telhado..."

"O dia que não haverá água… nem no dia seguinte… nem no dia seguinte ao dia seguinte… nem nunca mais! Aterrorizante!

2) O que o torna atraente?
É um texto figurativo, cheio de metáforas. 

"No fundo deste buraco não há vazio, mas espelho."
"A população encontrou-se só e com o monstro na sala."

3) Que técnicas de convencimento?
Trata-se de um texto que se reforça pela repetição.

"Uma catástrofe diante da catástrofe."
"Essa é a parte aterrorizante: E é aterrorizante para além das vidas secas."

4) Como te envolve?
É um texto interativo! Papel e caneta na mão.  O texto pergunta: 

"Quem somos nós? O que fazermos (sem água)? E a criação?"

4) Como se diferencia?
É um texto recheado por antíteses:

"a chuva cai e parece que evapora…"
"se a realidade é assustadora, também é interessante"
"o Brasil não é o país do futuro, mas da fatalidade"

Ou paradoxos:

"a opção de se mover, numa cidade que não se move…"

5) O que ele tem a dizer?
Enumera seus argumentos e reconstrói o discurso:

1.     há saídas: "cada um assumir a sua responsabilidade".
2.    olhar além: "é preciso mudar não agora, mas para sempre". 
3.    é preciso comunicar: "é preciso criar a narrativa do que estamos vivendo". 
4.    é preciso viver a realidade: "que a negação seja dada à política e não há uma maneira psíquica de "já que vamos morrer, que seja logo…"

Além da enumeração de argumentos, parte para o "alargamento dos horizontes", ao comparar a falta d'água com a construção da usina de Belo Monte: 

1.     impacto ambiental;
2.    comprometimento do clima;
3.    papel da Amazônia;
4.    relações interdependentes;
5.    os falsos argumentos;
6.    a irresponsabilidade pública;
7.    problemas sociais das hidroelétricas. 

6) Como usa o poder das palavras?
Em meio a frases de ponderação e problematização, utiliza-se de expressões fortes.
É tragédia urbana, no teatro do verbal: 

1.    o futuro chegou primeiro;
2.    falos decaídos;
3.    seres trágicos;
4.    nenhum cidadão é inocente;
5.    o rei está nu;
6.    paralisia alienada;
7.    letargia institucionalizada; 
8.    guerra da água;
9.    barbárie do individualismo.

7) Como quer ser lembrado?
Como na avenida, a apoteose é na despedida.

"O tempo de despertar já passou. Agora é preciso acordar em pé." 

Ponto final.





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