quinta-feira, 26 de março de 2015

Difícil é ser honesto... com você mesmo!



Fale-me sobre você. Como você reage diante desta pergunta? É a cara de consultório psicoterápicos, não? Só mesmo pagando para permitir tamanha invasão! Bem, na hora de olhar para dentro, ninguém na verdade admite tantos holofotes. Tudo que postamos nas redes sociais e como posamos no convívio social são construções de si mesmo. Você, de carne e osso, e alma em anexo, é outra coisa. Mas que coisa é essa? A gente não consegue perguntar a si mesmo: fale-me de você! Não apenas porque você não está acostumado a olhar para si, a não ser no espelho - cuja imagem, é, no mínimo, uma ilusão de ótica... O difícil de falar de você mesmo é que nem você tem as respostas. Vou lhes dar um exemplo.
Vamos à série "metralhadora giratória"abaixo. Encare como uma anamnese. Advogo que ninguém deveria abrir um livro como um projeto de vida sem passar por este scanner pessoal. Seguem as alfinetadas:

1) qual é o seu medo?
2) eu sou muito bom em...
3) qual a minha velocidade de leitura?
4) o que te motiva?
5) o que te desanima?
6) você fala muito ou pouco?
7) no que você acredita?
8) defina com uma palavra seu "jeito de estudar?"
9) o que você mais gosta de fazer quando não está estudando?
10) por que você quer este concurso: salário, estabilidade, realização?
11) eu não tolero...
12) de 0 a 10, como você classifica o grau de dificuldade do que está fazendo?
13) qual o seu maior adversário?

Bem, a lista é interminável. A minha dica é: pare por aqui. Não vá até o espelho. Pegue um lápis e papel e responda cuidadosamente cada uma dessas perguntas. Aí você terá o seu roteiro de estudo. No próximo post eu explico, mas está tudo aí. A coluna "A" é a do sinal verde para a aprovação. Na coluna "B", estará o prenúncio do seu fracasso.
Mãos à obra. Descubra quem você é, o que está fazendo, e como chegar lá. Mais importante do que "o que eu quero fazer", é: "como".  Em breve, a gente explica que respostas podem te levar até Paulo Leminski: "isso de querer ser exatamente o que a gente é ainda vai nos levar além".
Prazer em conhecê-lo.

sábado, 21 de março de 2015

Da inscrição ao discurso de posse, a determinação nos concursos públicos





Há um ano, Débora Veloso Maffia era uma advogada de grande sucesso. Um ano depois, ela tornou-se uma das mais jovens consultoras legislativas a discursar para deputados na sua cerimônia de posse digna de chefe de Estado. Dona de uma trajetória meteórica rumo ao serviço público, Débora foi escolhida pela turma de novos empossados como “oradora” da turma, e, em seu discurso, destacou:
1)    a nobreza do momento;
2)    o tamanho da conquista;
3)    o agradecimento de quem chega;
4)    a consciência do desafio;
5)    a certeza de que não irá fracassar;
6)    os valores com que assume o cargo e a nova vida.
Este discurso abaixo, pronunciado por Débora, poderia ter diversos formatos, mas ela escolheu um estilo leve, despojado, com antíteses e adjetivos para tentar não apenas ser ouvida, mas emocionar a todos. E convencer de que ela não é apenas capaz, mas é a pessoa certa, no lugar certo! Foi um grande começo! Parabéns Débora pela determinação, a principal ferramenta que a trouxe até aqui. É de silêncio que é feita a vida dos consultores que assessoram os Parlamentares nas mais diversas áreas do conhecimento. Silêncio que se transforma em poesia nas mãos de quem fará da palavra a sua arte, a sua vida!
“Só que, mesmo mudos, ruidoso será o silêncio dos que não querem a glória pessoal, mas a glória de seu País.” 
Débora Veloso Maffia.

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Boa tarde a todos!
                  Encerrado o curso de formação na semana passada, posso dizer que este é o meu segundo dia de trabalho como consultora legislativa da Câmara dos Deputados. Estou aqui no Salão Nobre, que já recebeu tantos presidentes, tantos chefes de Estado, tantos intelectuais e já foi palco de momentos políticos históricos deste País. Estou a discursar numa tribuna, em frente a uma audiência de notáveis, representando os meus sessenta e um colegas recém-empossados.
                  A cada dia que se seguirá, nós experimentaremos a nobreza do ato político, nós lutaremos para dignificar esta Casa, nós aprenderemos a arte da negociação e o valor inestimável da democracia. Nós seremos protagonistas não apenas de ideias, mas também artífices de grandes projetos e torcedores de que cada dia a mais no Parlamento seja um dia de bons frutos no trabalho e grandes mudanças neste País que tanto amamos. 

                  Não foi por amor ao cargo ou vaidade intelectual que deixamos gabinetes acarpetados e escritórios elegantes, nem penduramos togas de juiz e medalhas militares, para nos espremermos – com o perdão da sinceridade – em gabinetes não tão espaçosos, mas repletos de ideias, ideais e uma disposição incrível para a mudança.
                  Se, aos seus olhos, nós somos vencedores de uma disputa cruel, atroz, quase desumana, para nós, vocês, a velha guarda, são os silenciosos construtores de um País de futuro brilhante. Um país que precisa de mentes capazes de planejar o seu futuro, pensar o seu amanhã e fazer com que esta Nação cumpra o seu destino de prosperidade e paz.
                           Desse novo time de “amadores”, esperem lealdade, idealismo, garra para vencer e um traço comum: um sentimento intenso de amizade e respeito criado na breve convivência do curso de formação, ou, antes mesmo, na luta pela nomeação.
                  Imaginava que meu primeiro dia de Câmara – o dia da posse – fosse apenas de sorrisos, mas foi com lágrimas que entoei, no meu coração, o Hino Nacional. O hino que eu e meus colegas empossados, os novatos, cantávamos era o hino da emoção, da gratidão, da sensação de que tudo o que fizemos até hoje – a luta, a batalha, o choro, as renúncias – foram muito pouco perto das lutas que estamos dispostos a travar, nesta Casa, em nome do Povo brasileiro, a serviço de cada um dos Senhores Nobres Deputados. Porque só nós sabemos que, mesmo com todas as suas imperfeições, o Parlamento é o guardião da Democracia. E todos nós sabemos que, na condição de meros ghost writers, nosso papel será pensar, agir, influenciar e, assim, contribuir para a arte do possível no processo legislativo brasileiro.
                  É verdade que a nossa participação se dará na qualidade de figurantes, que na acepção da palavra “é o personagem que entra, sem falar". Só que, mesmo mudos, ruidoso será o silêncio dos que não querem a glória pessoal, mas a glória de seu País. 
                  Lembremo-nos sempre: a vida pede coragem! Sejamos fortes, sigamos em frente e que Deus nos abençoe!
Muito obrigada.

domingo, 15 de março de 2015

Análise de texto dissertativo - prática para concurso público


Desafio proposto nem sempre é desafio aceito! Mas promessa é dívida paga! Aqui vão alguns comentários sobre o post "É o balde ou é o êxodo". 
Fizemos algumas perguntas sobre técnicas usadas para tornar este texto criativo, interessante, instigante, argumentativo e reflexivo. Dialogar com um texto é sempre uma das melhores formas de aprender a ser mais do que um bom leitor! É preciso entender o outro como forma de criar uma figura crível para si mesmo. Enfim, tudo na vida é, antes de tudo, uma representação. Sobretudo, a realidade. Ela só existe quando vivida dentro da sua perspectiva. Então ela se torna real para você. 
Algumas respostas básicas nos dão dicas de como "apalpar" um texto. Sugiro que você leia primeiro o texto, depois se aventure neste quebra-cabeça ao contrário. Quem tem, põe! Quem não tem, é hora de começar…

1) Que tipo de texto? 
Em primeiro lugar, jornalístico, é claro! Porém, traz as seguintes características: coloquial, dissertativo e opinativo, que começa devagar e vai subindo, subindo, subindo… até te derrubar lá do alto, de uma vez, como um balão que estourou. Lembra a célebre frase: "o gato subiu no telhado..."

"O dia que não haverá água… nem no dia seguinte… nem no dia seguinte ao dia seguinte… nem nunca mais! Aterrorizante!

2) O que o torna atraente?
É um texto figurativo, cheio de metáforas. 

"No fundo deste buraco não há vazio, mas espelho."
"A população encontrou-se só e com o monstro na sala."

3) Que técnicas de convencimento?
Trata-se de um texto que se reforça pela repetição.

"Uma catástrofe diante da catástrofe."
"Essa é a parte aterrorizante: E é aterrorizante para além das vidas secas."

4) Como te envolve?
É um texto interativo! Papel e caneta na mão.  O texto pergunta: 

"Quem somos nós? O que fazermos (sem água)? E a criação?"

4) Como se diferencia?
É um texto recheado por antíteses:

"a chuva cai e parece que evapora…"
"se a realidade é assustadora, também é interessante"
"o Brasil não é o país do futuro, mas da fatalidade"

Ou paradoxos:

"a opção de se mover, numa cidade que não se move…"

5) O que ele tem a dizer?
Enumera seus argumentos e reconstrói o discurso:

1.     há saídas: "cada um assumir a sua responsabilidade".
2.    olhar além: "é preciso mudar não agora, mas para sempre". 
3.    é preciso comunicar: "é preciso criar a narrativa do que estamos vivendo". 
4.    é preciso viver a realidade: "que a negação seja dada à política e não há uma maneira psíquica de "já que vamos morrer, que seja logo…"

Além da enumeração de argumentos, parte para o "alargamento dos horizontes", ao comparar a falta d'água com a construção da usina de Belo Monte: 

1.     impacto ambiental;
2.    comprometimento do clima;
3.    papel da Amazônia;
4.    relações interdependentes;
5.    os falsos argumentos;
6.    a irresponsabilidade pública;
7.    problemas sociais das hidroelétricas. 

6) Como usa o poder das palavras?
Em meio a frases de ponderação e problematização, utiliza-se de expressões fortes.
É tragédia urbana, no teatro do verbal: 

1.    o futuro chegou primeiro;
2.    falos decaídos;
3.    seres trágicos;
4.    nenhum cidadão é inocente;
5.    o rei está nu;
6.    paralisia alienada;
7.    letargia institucionalizada; 
8.    guerra da água;
9.    barbárie do individualismo.

7) Como quer ser lembrado?
Como na avenida, a apoteose é na despedida.

"O tempo de despertar já passou. Agora é preciso acordar em pé." 

Ponto final.





terça-feira, 3 de março de 2015

Desafio para concurso - o que falta nesta redação?


Todo dia é dia de desafio. Melhor que não fosse nenhum, mas o imprevisível é parte da vida. E tome desafio... Aqui vai mais um para não perder o costume. Leia este texto. Veja o que falta nele. Qual é o estilo? Qual a mensagem? Como torná-lo mais atraente? Como você aumentaria em três parágrafos? O que diria? Há alguns elementos importantíssimos numa dissertação que não estão neste texto. Vamos lá. O desafio está lançado! Se quiser que eu publique seu exercício no blog, me envie por email. Cumpriremos juntos depois essa missão. Por hora seu dever de casa é:
1) análise de texto;
2) análise da sua vida e seja grato!
Este texto é autoral. É verdade: as chuvas fazem as flores cresceram.
Ao trabalho!



Gratidão

Levei 45 anos para descobrir o que é felicidade. E seus filhos?, podem me perguntar E o trabalho? Amigos? E o show do Coldplay em Londres? Ah, claro, vão dizer: v-i-a-g-e-n-s. Não! Minha felicidade não tem asas, e nunca esteve ligada a mim através de um cordão umbilical! Sinto desapontá-los! E olha que nem falei de amor, romance, nem cores de rosa e purpurinas. Minha felicidade não é Doriana! Afinal de contas, nunca tive sequer uma Barbie! Kevin então, esquece!!!! 




A felicidade não é viver o momento, não é ter desapego, não é caridade, não é bondade! Não é euforia, nem alegria, ou outros inúmeros disfarces da depressão. Gratidão! Se me perguntarem: por que vive? Eu não saberia dizer. Como, então, você vive? Com gratidão! Quer dizer que fui ingrata durante 46 anos? Fui. Fui extremamente ingrata em todos os momentos da minha vida em que me senti contrariada! Em que nem tudo que eu planejava aconteceu! Em que verti lágrimas ao invés de - ou geralmente após - sorrisos! Em que me senti enganada! Abandonada! Sozinha! Desamada! Não saciada!
É fácil dizer: “obrigada senhor” quando sou aprovada num concurso ou dou à luz a um meninão de 3,60 kg! É fácil sorrir quando se pega um avião de lá para cá com gente trazendo um copo de água na mão e Prosecco no jantar! Ser grata no elogio do chefe, no bom dia do padeiro, na pequena gentileza do motorista da tesourinha, isso não é nada!
Tente ser grata ao gemer de dor na cama, ao perder quem você mais ama, ao ser desacatada pelo chefe ou amigo, ao ser multada ou ser roubada, ao ouvir palavras amargas ou tolas, ao ser preterida no seu novo cargo, ao dizerem não aos seus projetos mais altruístas, ao silêncio do seu telefone num domingo de tédio, ao te devolveram o troco errado ou te criticarem pela sua memória não tão prodigiosa! Tente ser grata com o filho ingrato. Com o colega egoísta. Com o corpo que envelhece. Com a sua incapacidade de ser mais eficiente. Com aquele sentimento profundo de inveja que vem lá do fundo de você! Tente ser grata com o fim de um relacionamento, com um papo chato, com uma visita ao supermercado ou mais uma ligação ao call center da sua operadora para reclamar da fatura! Se você conseguir fazer tudo isso sem dizer: “droga”!,  então você é uma pessoa verdadeiramente feliz.
Gratidão! Acho que nem bom dia, nem boa tarde! Nem Namaste! Nem Shalam! Nem a paz esteja contigo! Gratidão! Deveria ser o nosso hino, a nossa saudação, o nosso lema de vida, a prece nossa de cada dia. Ao sermos gratos, tudo isso vem: paz de espírito, alegria, entusiasmo, energia, solidariedade, aceitação, e um sentimento pleno de amorosidade. E você terá a certeza de que não apenas o mundo te recebe por inteiro, e que, seja ele bom ou ruim, alegre ou triste, simples ou insuportavelmente injusto, você não tem nenhuma opção melhor a fazer do que agradecer! Mesmo que queria mudá-lo, ou mudar a si mesmo.
Apenas agradeça! Primeiro agradeça! Sempre agradeça! E esse sentimento de ser alguém especial, no lugar certo, na hora certa, da forma certa, e outros valores tipicamente ocidentais vazios de sentido, não representará nada para uma pessoa que, simplesmente, agradece. Agradece não por estar feliz ou triste, ser pobre ou rico, ser sábio ou intuitivo, mas, simplesmente, por ser quem você é. Certo ou errado nem existe. Apenas gratidão!