Falar de assuntos sanitários não tem nada de elegante, mas
confesso que quando li a manchete “teoria do papel higiênico”, não resisti à
uma curiosidade meio adolescente, meio estudantil, ou simplesmente boba mesmo.
Como o papel higiênico pode fazer aquela limpeza no meu raciocínio, embora eu
esperasse mesmo é que ele fizesse um limpa geral, bem suave, na minha vida,
tirando todas as memórias que “não cheiram bem”, foi a pergunta que me fiz.
Não imaginava que, por trás do papel higiênico, houvesse uma
discussão nada básica sobre certo ou errado! Apenas estilos de vida, hábitos,
comportamentos, padrões culturais, é mais ou menos isso que te define e te faz
ser quem você é: não há necessariamente certo ou errado. É isso que diz a “lógica
do papel higiênico”. Eu sempre apostei na cascata que cai por cima, ou seja, o
papel tem que ficar com a “língua para fora”. Fiquei meio desmoralizada com a
revelação de que a resposta certa é: depende!
Sim, depende se você puxa de um lado ou de outro, suave ou
com mais vigor, se você usa o braço direito ou esquerdo... depende até da
qualidade do picote do papel higiênico. Isso me lembra muito a resposta
clássica para a pergunta clássica: como eu devo estudar para um concurso
público? Depende. Não existe uma regra infalível que soe como #osinvencíveis.
Tudo isso faz parte de um autoconhecimento que inclui também: como eu uso o
papel higiênico no toalete?
Eu adoro as respostas “não existe nem certo nem errado”,
embora elas sejam muito frustrantes, porque te lançam nos braços do seu livre
arbítrio. Ninguém vai te ensinar a estudar, e muito menos estudar por você –
embora este fosse o cenário sonhado por muitos L.
Outro dia me contaram uma história de quem fez a prova por outro, mas hoje em
dia é melhor, como diz o artigo em questão, encontrar os próprios argumentos,
porque só você poderá vestir essa camisa de concurseiro e batalhar pela própria
matrícula.
Num mundo em que todos estão mais para “boxe do que para
jogo de tênis”, definir seu próprio estilo em tudo e aprender a refletir sobre
seus hábitos, convicções e expressões individuais ajuda muito a construir um
perfil focado na vitória, compatível com seus objetivos. É só isso que
precisamos: auto-conhecimento, foco, objeto, ação. Para o bom candidato, romper
a barreira dos pré-conceitos e preconceitos amplia enormemente os horizontes e
nos faz capazes de evoluir dentro de uma realidade, seja qual for ela. “Nós
somos bons para discutir, mas não para argumentar. Piores ainda para mudar de
ideia”.
A habilidade de argumentação pode ser desenvolvida a
qualquer tempo, embora tivesse sido mais proveitoso trazer essa bagagem da
escola. Paulo Grahan explica que há vários níveis de “elegância” e vigor neste
processo, o que facilita o exercício da mudança, em busca de uma racionalidade
que é ótima para concurso público. Ou seja, não façam como 99% dos nossos
queridos amigos no Facebook, que já partem para a pancadaria. Na teoria dos
concursos públicos, refutação, contra-argumento e contradição são fundamentais.
O resto fica no terreno do famoso: “apelou, perdeu!”