O brasileiro é conhecido pelas metáforas
e uma capacidade imensa de parafrasear quase tudo, seja repetindo chavões,
criando jargões ou tomando emprestado o pensamento de Tolstói a Guimarães Rosa.
A criatividade brasileira está não só no “jeitinho”, mas no falar e enxergar o
mundo de uma forma diferente. A publicidade fez o marketing, porém a expressão
genuinamente nacional de ser vai muito além do mundo comercial. Falamos
enviesado, cortamos o raciocínio, e todo mundo se entende: ou seja, bem vindo à
pátria das chuteiras, das metáforas e dos trocadilhos.
Estava pensando num texto que pudesse
ilustrar a beleza e a riqueza de uma fala originalmente associativa, que
mistura ideias diferentes, e brinca com as palavras em busca da originalidade
perdida. Até que achei o texto de Eliane Trindade, colunista do Jornal Folha de S. Paulo, sobre os usos e abusos das redes sociais na Internet. Bem, cansada de
tanta performance pseudo sociável, Eliane Trindade se deitou na rede de balanço
e descansou dos acessos frenéticos ao Facebook e similares. Sem perder o bom
humor, assim narrou a sua libertação:
- "A única rede disponível era aquela 'preguiçosa de deitar'."
Assim começa o artigo cheio de trocadilhos
e saladas semânticas, saborosamente atraente. Fazer do trocadilho a pimenta da
leitura ou o doritos da sua redação faz a vida ficar mais colorida. O tempero
da linguagem simbólica mostra resultado por sair da mesmice e atesta a
habilidade do comandante da nau em inovar, característica dos grandes
especialistas.
Outros trechos do artigo de Eliane Trindade que ilustram como podemos trocar “A” por “B” num grande tabuleiro de palavras:
Outros trechos do artigo de Eliane Trindade que ilustram como podemos trocar “A” por “B” num grande tabuleiro de palavras:
-
“looks do dia”;
-
“Muro de Berlim”;
-
“lampos de inteligência, pitadas de bom
senso e tiradas de humor”;
-
“praça virtual”;
- “disco
rígido mental”
Como aplicar a moderação pregada por
Eliane Trindade no exercício do seu ego digital aos concursos públicos? Use um
ou outro trocadilho na sua redação, a partir de uma lista de sinônimos/palavras
semelhantes com sentidos diferentes/ideias associativas que escrever no seu
caderno de estudo, virtual ou não. Deixe claro ao examinador que você não quer
deixá-lo entediado. Dessa forma, você estará aumentando o seu repertório
vocabular sem fugir do tema da sua redação e sem violentar o estilo sóbrio
desejado pela banca. Afinal, estamos falando de moderação!!!! Cada passo, cada
palavra, cada sentido deve ser mesurado, mas um pouco de prática vai trazer o
trocadilho para bem próximo do seu dia-a-dia. Um dos artigos mais interessantes
que li dizia: não comece um conversa com: ”como foi o seu dia”? E sim: “se eu
tivesse a chance de ter feito isso hoje...”
Na trilha do “melhor é ser diferente”,
aproveite para controlar sua compulsão pelas redes sociais, verdadeira pandemia
do mundo atual.
O mesmo artigo resume propriedades os
sintomas da patologia:
“O perigo maior para internautas, dizem, é se tornar
compulsivo e acabar se desconectando do mundo real, tanto que já existe
diagnóstico para o uso patológico da internet. Foram listados por estudiosos do
novo fenômeno os dez "sintomas" que dão o alerta de que o usuário
virou adicto. São eles:
1. A primeira e a última coisa que você faz no dia é
checar o Twitter, Facebook ou Instagram?
2. Você entra em desespero se não encontra uma rede?
3. Sente-se nu ou desprotegido quando acaba a bateria
ou esquece o celular?
4. Manda mensagens enquanto dirige?
5. Uso o smartphone enquanto caminha?
6. Faz o check-in em suas conta em todos os lugares
que vai?
7. Cada intervalo entre atividades usa para checar as
redes?
8. Fica deprimido se não tem curtidas ou retuítes?
9. Deixa a comida esfriar no prato para fazer uma foto
e postar?
10. Prefere a vida nas redes sociais do que a na vida
real. “
Troque o computador pelo papel e escreva
uma redação como quem faz um "post" que vai mudar a sua vida.
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