A vida prática nos ensina muito sobre ter
uma mente científica. A cada momento, temos que fazer uma escolha diferente.
Nem todas são tão cruciais quanto àquela feita por Meryl Streep no filme “AEscolha de Sofia”, na qual ela entrega um de seus filhos para os nazistas. A
vida não é tão dramática quanto o cinema, mas toda redação, toda narrativa tem
o seu tom de dramaticidade. Antes, durante e depois. O que se escreve carrega a
pegada emocional do narrador, que, na Antiguidade Clássica, navegava entre os
estilos épico, lírico e dramático.
Já falamos aqui sobre retórica, mas a
escolha do estilo precede tudo que fazemos na verdade na vida. A mente
matemática não é aquela que sabe fazer contas, mas sim a que sabe calcular,
planejar, bolar estratégias e trazer diagramas que facilitam e ampliar a nossa
decisão. Com frequência, renunciamos a isso, não temos estratagemas mentais que
nos auxiliam na tomada de decisão. Por que associamos isso ao concurso: porque
saber escolher é o mais importante para uma boa redação de concurso. É preciso
saber escolher, em primeiro lugar, um estilo, e ser fiel a ele. Não se trata
apenas de definir se você irá para o estilo dissertativo (geralmente o maisaplicado aos concursos), descritivo ou narrativo.
Basicamente o que você precisa numa redação
para concurso é defender uma ideia, mas a partir daí o leque de escolhas é
imenso. Vai para a primeira pessoa ou não? Uso argumentos lineares ou o
cotejamento deles, tipo um de cá, outro de lá? Começo pelo fim, ou seja, mostrando
como você irá concluir, ou apenas abro um grande panorama como uma janela para
o jardim? Foco ou generalidade? Defesa acirrada de um ponto de vista ou
contraposição de ideias? Aprofundamento do debate ou uma visão mais holística
dos fatos?
A mente que se ilumina numa tomada de
decisão coerente e eficiente é aquela que sabe, em primeiro lugar, analisar,
para depois construir. E só então concluir. Quando convidado a escolher um
quarto de hotel, você pode ir pelo preço, pelo tamanho, pela umidade, pelas
funcionalidades existentes, pela localização, pela limpeza, pelo andar, pela
iluminação, pelo número de tomadas, e hoje, pasmem, prioritariamente escolha
aquele que tem um bom sinal de Internet! Você pode até mesmo pedir para ver
mais de um quarto, para que você tenha uma decisão por comparação!
A balança é sempre o melhor conselheiro! Esqueça o
senhor “Grilo Falante". As melhores escolhas não são as inconscientes, nem as
emocionais, mas, infelizmente, com frequência, são elas quem mandam. Prezamos à
rapidez em detrimento da perfeição, e deixamos de fazer o diagrama da decisão.
A vida vista a partir de uma tabela de duas colunas, com prós e contras, é um
exercício diário que um candidato em busca da perfeição deve fazer. Na marcha
dos concursos públicos, ninguém precisa
ser melhor do que ninguém. Apenas tentar se o mais perfeito possível. Na hora
de dormir, não escolha o quarto como quem escolhe um doce! Não coma com os
olhos, não vista pijama, não vá para cama! Pense, escreva, reflita, faça o
ranking e analise as variáveis como num jogo de xadrez! O xeque-mate não
depende do adversário, só de você!
Nenhum comentário :
Postar um comentário