quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Criatividade é sinônimo de...


http://oglobo.globo.com/opiniao/um-teste-para-doutora-14532200


Desde que o jornalismo entrou em crise, especialmente por causa dos tempos da internet, ficou difícil garimpar grandes nomes nesse mercado de muitas opiniões  e pouco fundamento. Jornalismo não tem nada a ver com prova escrita de cursinho, mas, realmente, o fundamento, em ambos os casos, é, com o perdão do trocadilho, fundamental. Embasar, explicar, justificar, apresentar argumentos. Ninguém quer saber a opinião de ninguém. Entender é o nome do negócio. Falar claro e pausado, ou, no caso da escrita, escrever de forma cristalina. Ou melhor, um bom texto tem que ser claro como as estrelas, como diz minha amiga Dad Squarisi, um ícone da Língua Portuguesa.
Dad, assim como Elio Gaspari, são papas do jornalismo brasileiro. Figuras de grande consistência, de muita reverência... cujo texto poderia ter sido escrito por... qualquer um de nós.
O texto linkado acima me inspirou a falar sobre  como os sinônimos, de novo, podem ser – com o perdão do trocadilho! – sinônimo de criatividade.
Elio Gaspari usa termos técnicos e palavras coloquiais para aproximar o leitor de um tema chato como responsabilidade fiscal. É uma farra, diz ele, ao comentar recente decisão do Congresso que pode ser ratificada pela Presidente Dilma Rousseff. Pode fazer isso numa redação? Sim, se você atribuir isso a uma autoridade, como a própria imprensa: “o termo utilizado pela imprensa para explicar essa decisão foi “farra”, e segue por aí.
Elio Gaspari usa a palavra “folga” como irmã gêmea da expressão “aumento do teto fiscal”; “gracinha” para dizer que o ato é injusto, e “década perdida” como sinal de que a “vaca pode ir para o brejo”.
“Contabilidade criativa” é outra forma criativa de dizer que a conta não está fechando. Gaspari vai tecendo ao longo do texto uma lista de termos que, no contexto, querem dizer todos a mesma coisa: não existe a menor chance de o leitor não ficar entediado.
A minha sugestão: circule as palavras chaves do texto, ex. “irresponsabilidade fiscal”, e anote quais são os  sinônimos genéricos usados por Gaspari para tornar o seu texto não apenas leve, mas atraente. O que nos faz atraentes é, justamente, a singularidade. Sim, Gaspari é único.
Um texto precisa ser singular, pois, assim, ganha uma imagem própria. Faz sentido por inteiro. Cria uma representação e convence, mesmo que não vire a mesa e não inverta a lógica da farra que muitas vez predomina na política brasileira. Pelo menos na redação, podemos ser mais responsáveis, mesmo sendo muito, muito criativos.

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