A hora certa de escrever – e não (ins)crever-se – no concurso público
Somos todos um pouco disléxicos. Nem sempre a nossa mente acompanha o
ritmo físico de nosso corpo, e parece haver um abismo entre o que lemos e o que,
de fato, entra pelas duas pequenas janelas com as quais captamos quase 80% do
mundo à nossa volta, ou seja, a visão. Dislexia tem a ver com dificuldade de
compreensão, ou apreensão, ou, meio como se diz no popular, é quando a gente
pega no tranco! A minha dislexia às vezes é diferente: as ideias vêm tão
rápidas na cabeça... quanto se vão! Nem toda a destreza de “taquígrafo” digital
dá vazão a esse expoente de palavras que brotam de um discurso, de uma
narrativa, de uma imagem ou um encontro que acabamos de viver. Simplesmente
quero escrever sobre tudo... mas daí a colocar algo no papel, existe uma grande
folha em branco.
Não há uma hora certa para escrever, nem jeito certo, nem técnica
infalível, mas há um o momento certo: um oportunismo de ladrão que faz com que
as coisas simplesmente aconteçam.
Tá difícil de soltar a “caneta”? Então faça quando a emoção
ainda escoa caudalosa torrente de emoções que simplesmente estão lá. Traduzindo: escreva na hora que o café ainda
está quente, o defunto ainda não esfriou e a memória não é requisitada a
vasculhar o que virou passado. Escreva no presente, mas não necessariamente na
primeira pessoa. Escreva como uma prosa, seja um pouco Fernando Sabino, distancie-se de você mesmo e, sorrateiramente,
conte a sua própria história como um mero espectador.
Se escrever é prática, ser coerente é domínio e disciplina
é tudo, faça você mesmo seu curso de redação para concurso: a partir de uma
experiência que tenha vivido naquele dia, dê-se trinta minutos e escreva. Alargue
o tema, reflita um pouco sobre ele, dê um Google e crie um ou dois argumentos.
Mas, sobretudo, escreva com fluidez, como um leite que derrama. Não pense
muito, escreva! Esse exercício pode ser feito duas ou três vezes por semana, e
é como um aquecimento para a prova dissertativa do concurso que está por vir. Primeiro você alonga os
músculos, depois você começa a moldá-los.
A fase inicial de quem ainda não tem a musculatura
necessária para uma ótima performance na redação é alongar as ideias, soltar os
pensamentos, se permitir e entrar numa rotina em que a disciplina e a
frequência são mais importantes neste momento do que regramentos e técnicas de redação.
Naturalmente que tudo parece desperdício de tempo para quem tem um edital como
um punhal sobre a cabeça, mas não é a força, mas a elasticidade que fará de
você um grande cronista.
Sugira você o tema para o próximo post.
Ou escolha o tema do próximo post sobre redação para concurso:
trocadilho ou “O Segredo”?
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